É caso para dizer, levaram um bigode.
Está a ser o sucesso das fugas pequenas e temos o segundo Grand Slam em 10 etapas!
Depois da dupla Clarke-De Marchi ter ficado a 200metros da vitória, muito devido à hesitação de ambos, Bais vencer a partir de uma fuga com três elementos (eram quatro, mas cedo ficaram com menos um), hoje foi o dia de repetir o modelo de sucesso, em que partiram quatro e chegaram três, garantido o triunfo da fuga contra um pelotão altamente reduzido, fator decisivo para não terem uma perseguição eficaz.
Ainda antes da etapa começar, havia rumores que podia ser encurtada e disputarem-se apenas os últimos 70kms, não houve acordo e manteve-se o plano original.
Importa realçar desde já os prejudicados por doenças e covid, além dos já sabidos Remco Evenepoel, Taaramae, Urán, Pozzovivo, Kung, entre outros, vimos mais abandonos durante o dia, sendo o mais importante, Aleksandr Vlasov, o líder da BORA, que vinha com o objetivo do top5 ou, mais dificilmente, pódio.
Houve alguma luta pela fuga, com tentativas das equipas esperadas, como Quick Step, EF, EOLO, etc., mas, os felizardos foram Magnus Cort Nielsen, Derek Gee, Alessandro De Marchi e Davide Bais.
As dificuldades do início do dia fizeram com que Pedersen, Cavendish, Groves, e outros, descolassem. No entanto, na fase crucial, estavam Ackermann, Milan, Pedersen, Mayrhofer, Cavendish e Ballerini no pelotão, enquanto Gaviria foi particularmente azarado ao ter dificuldade com a troca de roupa, inclusive, teve de parar, e, ao tentar regressar ao grupo principal, teve uma queda, impossibilitando-o de disputar a etapa. Groves e Matthews também ficaram para trás, surpreendentemente.
Na descida que sucedeu a 2ª categoria, houve um corte importante, com Caruso, Sivakov, Pasqualon e Milan a distanciarem-se, mas, com alguma facilidade, foram apanhados. Nessa descida, supostamente, houve cortes e quedas, chegando, ao plano, cerca de 20/30 unidades dentro do grupo dos favoritos. Progressivamente, foram se juntando ciclistas como Pedersen e Cavendish.
Quem parece ter dificuldades em manter-se em cima da bicicleta é Jay Vine, mais uma queda e esta foi decisiva para as suas aspirações à geral. Mesmo com a ajuda de Gibbons, Formolo e Covi, foi impossível recuperar para um pelotão que rolava depressa, dado que ainda tinha esperança de disputar a etapa.
Uma queda surreal foi entre Bettiol e, o que aparenta ser, um homem da organização, com clara responsabilidade deste último.
Até ao fim, foi um braço de ferro entre os poucos gregários que os sprinters ainda tinham e os três roladores na frente (MCN é um craque nestes terrenos, De Marchi, apesar da idade, é um perito em fugas, e Derek Gee tem, nesta sua primeira Grande Volta, mostrado que é um nome a ter em conta, além de se destacar no contrarrelógio, provando que é um bom rolador). Esta mistura de qualidade e experiência permitiu que a fuga acabasse com as forças dos seus perseguidores.
Gee foi o primeiro a atacar (1,6km), sendo fechado por Cort, com auxílio inicial de De Marchi, mas o veterano da Jayco ficou para trás, regressando aquando da hesitação dos dois homens da frente e, nesse momento, cometeu um erro. A sua maior hipótese era passar direto, isto é, o dinamarquês e o canadiano estavam a uma velocidade baixa e, o italiano, podia aproveitar o seu momento de força para surpreender o duo, não o fez, esperou, e tentou sprintar antes dos adversários, sendo batido, com relativa facilidade, pelo ciclista da EF que completa, desta maneira, o seu Grand Slam. Um momento histórico, e merecido, para um dos maiores entertainers do desporto.
No grupo perseguidor, Milan lançou se a 400metros, sendo batido por Pedersen, Ackermann (a subir muito de forma, atenção) e Oldani. Logo atrás, Cavendish.
Leknessund, surpreendentemente, perdeu 13 segundos para este grupo, afastando-se de Almeida na luta pelo quarto posto.
Quanto ao português, pareceu estar sempre muito bem, com a equipa a posicioná-lo no início das descidas, e, de um modo geral, a manter-se seguro junto dos favoritos.
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