Que dia histórico.
Mais uma exibição para, mais tarde, contar aos netos.
A etapa mais temida do Giro, e com motivos, perante a dureza apresentada ao longo da subida, prendou os adeptos com mudanças de liderança, boa disposição, ambiente frenético e contagiante, indecisão e muto suspense.
O primeiro grupo de ciclistas não teve grandes resultados, até porque, o perfil destes, não coincidia com as características necessárias para ser bem sucedido na etapa.
Na verdade, a maior surpresa nos 20 primeiros da etapa dá-se por Matthew Ricittello, o jovem americano fez o 11º melhor tempo desta cronoescalada.
Fora isso, os resultados foram os esperados, com diferenças importantes na CG, mas poucas alterações, por exemplo, no top10 não houve novas entradas (nem saídas, por conseguinte).
No top20 da CG, destacamos a exibição fantástica de Sepp Kuss, a coroar o Giro brilhante que fez ao serviço do seu líder, Primoz Roglic, subindo a 14º (A. Paret-Peintre desceu), fruto do 6º lugar na etapa.
Também Van Wilder teve uma prestação positiva, subindo a 12º, por troca com Buitrago.
Contudo, e mais importante, no top10, Kamna perdeu uma posição e Dunbar duas, enquanto, no outro lado do espectro, Leknessund, Arensman e Pinot subiram todos uma posição.
Quanto aos resultados da etapa, McNulty teve o melhor tempo, até ser batido pelo seu compatriota, Kuss, que, por sua vez, foi superado por Thibaut Pinot.
O francês, com esta exibição, confirmou a conquista da Maglia Azzurra e subiu ao 5º lugar da CG.
Caruso e, posteriormente, Almeida, definiram novos melhores tempos, confirmando as suas posições finais, 4º e 3º, respetivamente, tanto na etapa como na CG.
A luta do dia residia entre G Thomas e Primoz Roglic. Qual dos dois iria vencer a Maglia Rosa? A vantagem apresentava-se do lado do galês na forma de 26’’.
Na troca de bicicletas, que antecedia o 1º ponto intermédio, Roglic e a Jumbo fizeram a transição quase perfeita, enquanto G apostou numa transição mais lenta, tanto de bicicleta e como capacete. Porém, esse aparente atraso, não se notou no primeiro registo, com um atraso de apenas dois segundos.
Durante subida, o cronómetro sugeria que o esloveno estava a recuperar tempo, embora lentamente.
No segundo ponto, Roglic arrasou a concorrência, e, quando o seu rival estava a passar no mesmo local, com 16’’ de atraso, deu-se o infortúnio que relançou a etapa e o Giro. Primoz Roglic bateu com a roda traseira num buraco e a corrente saltou, obrigando o esloveno a sair da bicicleta, perdendo cerca de 20’’, o que, aparentemente, deitava por terra as suas aspirações à vitória final.
Daí a 3,5km, havia o ponto de registo final, que, por sua vez, estava a 1,5km do fim.
A esperança resistia, no meio de tantos adeptos eslovenos era impossível não acreditar numa remontada e, no último ponto de referência, deu-se o impensável, mesmo com a avaria mecânica e problemas adjacentes (nomeadamente, quebra de ritmo), Rogla aumentou a vantagem para G para 29’’, o suficiente para que a liderança mudasse de mãos, mas teria o veterano da INEOS alguma energia para contrariar o campeão olímpico de ITT?
Na meta, Roglic confirmava a vitória de etapa e esperava-se ansiosamente pelo tempo do (ainda) Maglia Rosa. 3 minutos depois, era confirmada o triunfo absoluto do líder da Jumbo, com uma exibição inesquecível, dada a perda de 40’’ por parte de Thomas.
Um final antagónico perante a inércia das duas primeiras semanas, e um final poético para Roglic (havia perdido o Tour 2020, num ITT na penúltima jornada), mas um resultado devastador para G Thomas, no crepúsculo da sua carreira.
Fica difícil esclarecer as emoções perante este volte-face com que fomos presenteados, por um lado, a exibição mágica de Roglic, que lhe valeu a conquista do tão desejado, e merecido, Giro, e, por outro, o sentimento de angústia devido à derrota em cima da linha de G. Não por este fenómeno isolado, mas, principalmente, pelo homem que mostra ser em cima e fora da bicicleta, e pelo seu percurso ao longo da carreira. Nunca o mais forte nem o mais valorizado, mas dos mais inteligentes, consistentes e inspiradores no pelotão.
Qualquer um dos três seria merecedor da Maglia Rosa. Estiveram milhas à frente do resto da competição.
E, o nosso João, consegue o primeiro pódio da carreira, mas, igualmente importante, afirmou-se perante dois ciclistas de elite (entre ambos, têm as três GV ganhas e muitos pódios nas mesmas), através de uma vitória de etapa e de presença assídua na frente, olhos nos olhos com os rivais. Só tem 24 anos, é fácil esquecermo-nos disto.
Deu um passo importante na sua carreira, mas ainda não está perto de ser um produto final.
Um vencedor, duas lendas e três cavalheiros no pódio final.
Almeida e G estiveram a um excelente nível, e é injusto deixar o português de fora no confronto direto da etapa, mas, efetivamente, foram os outros dois elementos a disputar o Trofeo Senza Fine, porém, Roglic esteve superlativo e é o justo vencedor do 106º Giro d’Italia.
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