Resumo da Etapa 21

28 de mai. de 20233 min de leitura

O dia de consagração tinha de ter um final destes.

A chegada a Roma simboliza o fim, em princípio, das alterações na CG (havia dúvidas, embora diminutas, quanto às eventuais tentativas de alguns em recuperar tempo, nem que fosse através de um sprint bonificado), assim como a celebração dos vencedores e a consternação dos derrotados, mas, acima de tudo, o sentimento de alívio por ter terminado.

O stress, as saudades da família, a dureza da prova e o cansaço são alguns dos motivos que justificam este alívio geral, mas o dia não estava terminado sem que alguém acabasse um pouco mais aliviado (e emocionado) que os restantes, e não falamos do vencedor do Giro, nem da exibição histórica de João Almeida, mas sim do vencedor da etapa, mas já lá vamos chegar.

Ora, não se esperava grandes movimentações, muito menos no início (antes de iniciarem o circuito citadino), pelo que foi possível ver Almeida e Roglic a conversarem durante largos minutos, na frente do pelotão, aliás, o esloveno foi o grande RP da tarde, sendo visto em várias interações com rivais e colegas do pelotão (além do João, também G, Cavendish e Caruso, por exemplo), as típicas fotos da equipa vencedora e copo celebratório, e, no geral, bom ambiente entre os sobreviventes deste árduo Giro.

Dentro de Roma, a Jumbo tomou conta do pelotão, inicialmente, e demorou a formar-se a fuga. Assim que se constituiu, as equipas dos sprinters assumiram a perseguição e houve o ataque da praxe de MCN, sem qualquer resultado prático, e a tentativa, do mais combativo desta edição, Derek Gee, rapidamente anulada.

Nos últimos quilómetros, enquanto a INEOS levava o seu líder para a frente do pelotão, de forma a mantê-lo seguro, deu-nos um pouco a ideia que podiam ter tentado surpreender com um ataque tardio (como fez na etapa 5 do Critérium du Dauphiné 2021, batendo os sprinters com um ataque no início do quilómetro final), mas não aconteceu.

Todavia, não deixou de ser protagonista, dado que, a 2,2km da meta, G acelerou para passar para a frente do pelotão, fazendo sinal a L.L. Sánchez, para que viesse para a sua roda, de forma a ajudar Cav, não por terem sido antigos colegas de equipa, mas por serem grandes amigos e, provavelmente, sentir que, só com o espanhol, o Manx Missile não ia ter grande hipótese.

Esticou o pelotão, mantendo o antigo companheiro de equipa e de seleção bem posicionado, até ao início do quilómetro final do Giro.

Aí, Cav ‘surfou’ entre a roda de Milan e de Gaviria, e, no momento em que o colombiano abre o sprint (foi mais um lançamento para o rival do que uma tentativa de ganhar), o britânico seguiu e arrancou para uma vitória incontestável, a fazer lembrar as suas exibições nos Champs-Élysées.

Foi um triunfo ‘à filme’, em que, o melhor sprinter de sempre, teve um final feliz, patrocinado por um dos seus parceiros de juventude. Dois veteraníssimos (de equipas contrárias) a mostrarem como se faz.

Este momento bonito, e poético, culminou num abraço muito sentido entre ambos no final da etapa.

Curiosamente, entre o top10 da etapa, houve várias surpresas, o que dá a entender que a maioria dos homens rápidos estavam vazios perante a semana violenta que tiveram de enfrentar, principalmente Milan e Gaviria, iam, claramente, sem energia.

O último dia do Giro foi marcado pela amizade, companheirismo, rivalidade saudável, comemorações e felicidade.

Não foi um Giro brilhante (pelo menos a nível de CG), mas foi poético e romântico, e, o final, na Cidade Eterna, só podia terminar com um Campeão Eterno, Mark Cavendish.

O maior sprinter de sempre vai arrumar a bicicleta no fim do ano, sendo este o seu último Giro, e, na última etapa, do último Giro, arrumou a concorrência como quem vai arrumar a bicicleta, a fazer lembrar as suas exibições mais notáveis.