Havia muita expectativa quanto a esta etapa e foi justificada.
Ataques, táticas, desilusões, surpresas e a primeira desistência entre candidatos à CG, infelizmente.
Começando pelas más notícias primeiro, a 22km do fim, houve uma queda que envolveu Richard Carapaz e Enric Mas. O espanhol teve de desistir, abandonando uma edição em que prometia ser um dos candidatos ao pódio, e o equatoriano, apesar de ter continuado em prova, estava claramente debilitado e chegou a 15’24’’ do vencedor da etapa. São duas grandes perdas na luta pelo top10.
Quanto à etapa, houve um grupo de 5 fugitivos: Lilian Calmejane, Simon Guglielmi, Pascal Eenkhoorn, Jonas Gregaard e Valentin Ferron. Sempre muito controlados pelo pelotão.
A subida final foi liderada pela UAE, claramente com vontade de fazer estragos. Bjerg assumiu a frente, esticando o pelotão, enquanto Grossschartner colocou um ritmo que a Jumbo não quis seguir, isolando o austríaco, que abrandou pouco depois.
Burgaudeau tentou a sua sorte, mas foi anulado pelo conjunto dos Emirados Árabes Unidos. Após isto, Adam Yates passou para a frente (faltavam 700m para o topo), dizimando o pelotão e sobravam 4. Yates, os dois principais candidatos, claro, e… Victor Lafay. Grande performance do homem da Cofidis, que, inclusive, colaborou com Pogacar, depois de Yates ficar para trás, mas, perante a recusa de Vingegaard em passar na frente, o grupo abrandou, permitindo o regresso de alguns oponentes como os irmãos Yates, Skjelmose, Gaudu (no topo, apenas 06’’ de atraso), com Hindley um pouco atrás (11’’, para os líderes), isolado, e outro grupo perseguidor composto por Landa, Carlos Rodriguez, Van Aert, Woods, Kelderman, Kuss e Pinot (15’’).
Ciclistas como Van der Poel, Bardet e Madouas seguiam muito perto (a cerca de 25’’, apenas), mas não fecharam o espaço e permitiram que Ben O’Connor, Alaphilippe, e outros, que vinham longe dos rivais (já estavam a 50’’), se juntassem a si.
Na descida, Adam Yates fez sinal a Tadej, atacou e levou consigo Simon, o seu irmão, enquanto, atrás, a Jumbo organizava-se e perseguia a dupla de fugitivos, mas sem sucesso.
À entrada da subida final era claro que a disputa ia ser entre os gémeos britânicos, como uma curiosidade interessante: Simon, apesar de já ter vencido a CG da Vuelta, assim como 10 etapas nas 3 grandes voltas, nunca tinha utilizado o Maillot Jaune, enquanto, por sua vez, Adam já tinha vestido a Amarela, mas nunca tinha vencido uma etapa numa grande volta.
No fim, Simon descolou, perdendo 4’’ para o irmão, e primeiro líder do Tour de France 2023.
Pogacar sprintou e terminou em 3º, bonificando, terminando, todo este grupo, com 12’’ de atraso.
Em termos de perdas, o grupo perseguidor, com nomes como Haig, Tobias, Bardet, Bernal, Pidcock e, principalmente, O’Connor (esteve muito mal nas duas subidas que antecederam a chegada e, se não tivesse colado no grupo à sua frente, podia ter perdido bem mais de 1’), ‘salvaram-se’, limitando as perdas a 33’’.
Como verdadeiros derrotados, temos Dani Martinez (3’13’’), Chaves (4’59’’) e Urán (5’36’’). Aqui, não contabilizamos nomes como Powless, Jorgenson ou Ruben Guerreiro, dado que não nos parece que o seu objetivo fosse o top10.
Foi um final fantástico, principalmente pela exibição dos irmãos Yates, mas também pela excelente tática da UAE.
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