Era esperado um dia calmo e foi isso que tivemos, o que facilita bastante o nosso trabalho.
Houve algumas movimentações iniciais, com o intuito de integrar a fuga e surpreender, inclusive do nosso Nelson Oliveira, mas, perante a evidente vontade de equipas como a Alpecin e Lotto, por exemplo, em não facilitar nesse sentido, foi desmoralizante para os interessados que, um a um, iam desistindo, sobrando apenas Gugliemi, isolado durante a maioria do percurso.
A 78km do fim, porém, Nans Peters e Pierre Latour tentaram a sua sorte, fazendo a ponto para o conterrâneo 4km depois.
O fugitivo original do dia abandonou as suas pretensões a 40km do fim, deixando o duo, que vinha mais fresco, a lutar sozinhos. E deram luta. Peters ficou sem capacidade de seguir o seu companheiro de fuga, a 7km do fim, e, por sua vez, Latour, só foi capturado dentro dos 4km finais. Um final amargo que dá a ideia que, caso a fuga fosse constituída por mais 1 ou 2 elementos, podia ter vingado.
Quanto ao sprint, foi a Jumbo a liderar até aos 3km, certificando-se da segurança de Jonas, e, nesse momento, tornou-se claro que ninguém queria pegar na corrida, entreolhando-se (podia ter havido um ataque neste momento que dificilmente seria recuperado).
Assumiu a Alpecin, reduzida em números, ficaram apenas com Rickaert e Van der Poel para lançar Philipsen a 1,4km da meta, mas as outras equipas não estavam melhor.
A Bora auxiliou, mas, mesmo assim, Van der Poel teve de lançar o seu sprint cedo, aos 640m, sensivelmente, até aos 300m, com Cavendish a tentar surpreender perante a hesitação de Philipsen, e que belo sprint.
O britânico teve problemas mecânicos, e serviu de lançador ao rival belga, perante em incapacidade em sprintar, mesmo que, fisicamente, parecesse bem e capaz de levar a vitória.
Entretanto, Philipsen saltou para a roda de Cav, numa manobra algo dúbia, mas legitimada pelos comissários, ao afastar Girmay, e, aproveitando o momento certo, sprintou para a vitória, com Cavendish (2º) claramente desanimado e um Girmay (3º) frustrado com a manobra do Maillot Vert.
A dita manobra de Philipsen é discutível, partindo da esquerda para a direita, em busca da roda do míssil de Manx, mas, como candidato a estes sprints, o eritreu tem de se impor. O risco criado pelo belga também deriva da atitude passiva de Bini, que hesita. Uma vez mais, são manobras ‘normais’ em sprints entre os melhores, principalmente na maior competição de ciclismo do mundo.
Como se viu hoje (Groenewegen/Meeus, entre outros), há encostos, desvios de direção e atitudes mais agressivas, e é preciso compreender que há uma linha que separa o legítimo do perigoso, e, para nós, não seria surpresa se Philipsen fosse relegado, mas, o contrário, também não surpreende. A linha é ténue, mas, mesmo assim, pareceu mais perigoso que as duas situações anteriores.
A retórica da vitória recorde de Cav (a 35ª) também pode ter interferido, isto é, vencer na secretaria podia tirar brilho ao recorde magnífico que seria, e isso pode ter pesado na decisão de não sancionar o belga, mas não nos parece credível.
Novo sprint, nova vitória de Philipsen.
Belos sprints de Cav, Girmay, Mozzato (4º) e Groenewegen. Pedersen (10º), Welsford (13º) e Jakobsen (15º) continuam a desiludir.
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