Tínhamos pela frente um dia fulcral para a CG, principalmente tendo em conta o equilíbrio entre Vingegaard e Pogacar, e não desiludiu, antes pelo contrário, foi daqueles dias que iremos contar aos nossos netos.
Em primeiro lugar, dar nota da não partida de Jorgenson, devido a uma lesão muscular.
Em segundo lugar, houve muitos ciclistas a ‘levantarem o pé’, perante a batalha que iria haver entre os dois ‘aliens’, era evidente que, se tudo decorresse normalmente, a disputa estaria entre eles.
O que se verificou.
Ao longo do dia tivemos tempos muito positivos, como Mads Pedersen (9º), Skjelmose (8º) ou Cavagna (6º, esteve na liderança durante muito tempo).
Referência ainda para o registo de Ciccone (58º), dado que o italiano foi em ritmo (quase) passeio durante o percurso, apenas para dar o máximo na subida e amealhar os pontos correspondentes para o Maillot Blanc, o que foi uma tática de sucesso, batendo os restantes, incluindo Jonas e Tadej.
No entanto, os verdadeiros candidatos estavam no top10 da CG, ou perto da mesma. No campo dos não trepadores, Wout van Aert (3º) foi o que se destacou, fez um excelente tempo, mesmo tendo em conta que as dificuldades do dia eram um pouco mais duras do que aquelas que se adequam a si.
O belga, inclusive, esteve na liderança até o duo de luxo chegar.
Antes de falarmos da disputa em si, é melhor mencionarmos os vencedores e derrotados do dia.
Pidcock (48º) perdeu muito tempo, assim como Landa (42º), Pinot (33º) e O’Connor (27º), mas já era complicado chegarem ao top10. Quem também rodou abaixo do esperado, foi Hindley (24º), o australiano perdeu bastante tempo face à concorrência.
Gall (13º) surpreendeu com uma exibição positiva, alcançando um resultado melhor que Kuss (14º), Asgreen (15º), Kung (18º) ou Wright (19º), e, por isso, ultrapassou Martin (46º) na CG, sendo agora 10º.
Gaudu (10º) defendeu-se bastante bem, mas, mesmo assim, perdeu tempo para S. Yates (5º) e Bilbao (4º), ambos estiveram soberbos.
Na disputa pelo último lugar do pódio, houve troca, com A. Yates (7º) a subir para o lugar de Rodriguez (12º), embora por pouca diferença, apenas 5’’.
Sobrava o duelo mais esperado do dia. Jonas Vingegaard vs Tadej Pogacar. Maillot Jaune vs Maillot Blanc. Tour 2022 vs Tour 2020/2021. Já perceberam a ideia.
Parecia que íamos ter um dia renhido, contudo, para os mais atentos, na segunda curva, Vingegaard já levava 2’’ de vantagem. É relativo, claro, mas mostra que o dinamarquês tinha entrado a grande velocidade.
O entusiasmo esmoreceu rapidamente, dado que, no primeiro ponto intermédio, o Maillot Jaune já tinha uma vantagem de 16’’. Não era uma sentença, mas, no segundo ponto intermédio, tinha aumentado para 31’’, e, para todos os efeitos, não parecia que ia haver alguma alteração na ordem de chegada. Restava ver se o esloveno conseguia controlar as perdas.
A tática do Maillot Blanc foi, no início da subida final, e antes do terceiro ponto intermédio, trocar de bicicleta, passando para uma de estrada, em detrimento de uma de contrarrelógio, enquanto o seu rival preferiu manter a bicicleta original.
Nesse ponto, Jonas levava 1’05’’ sobre Tadej. Na segunda parte da subida, a bicicleta de ITT trazia mais vantagens, o que resultou num aumento de diferença na meta.
Jonas Vingegaard venceu o ITT com 1’48’’ sobre Tadej Pogacar, que foi 2º.
Para se ter noção da enormidade deste resultado, o esloveno bateu o 3º posto por 1’13’’.
O resultado de Pogacar foi muito bom, mas o de Vingegaard foi estratosférico. Provavlemente, o melhor desempenho num ITT de uma GV que já vimos. Absolutamente soberbo.
O dinamarquês arriscou em descidas e curvas, acelerou no plano e sprintou pelas subidas. Que exibição.
Não é demais realçar o bom desempenho de Pogi, o que só dá mais ênfase ao resultado de Vinge.
Quanto à CG, é um passo gigante de Vingegaard para a vitória final, todavia, é expectável vermos muitos ataques e tentativas de Pogacar para tentar reaver o trono.
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