Um dia sem grande história, só com dois fugitivos, Pichon e Powless. O americano só foi pontuar para a montanha e voltou para o pelotão, sensivelmente a meio do percurso, e, por isso, vimos um dia mais calmo do que se a fuga tivesse mais unidades, facilitando a vida aos homens rápidos, e o fugitivo solitário foi absorvido com 35km por percorrer.
O resto da etapa oscilou entre a calma e os nervos, que tomavam conta do pelotão quando alguma equipa acelerava ou se posicionava mais à frente.
Quanto mais próximo da meta, mais agitados ficavam os comboios, mas havia um que se destacava pela capacidade de se manterem juntos e protegidos, a Alpecin. Andaram sempre perto da frente, mas só se expuseram nos últimos dois quilómetros e, mesmo assim, foi por posicionamento, e, à passagem na Flamme Rouge, foi a primeira vez que assumiram a frente, quando todos os comboios estavam desgastados, no entanto, restavam apenas dois elementos para lançar Philipsen, podia ficar curto.
A Intermarché fez um bom trabalho para posicionar Girmay, mas foi demasiado cedo e o eritreu acabou por ser fechado pelos sprinters mais experientes.
O lançamento de Van der Poel começou atrás dos 500metros finais, num momento em que o grupo estava relativamente largo (filas de 3 a 6 ciclistas), mas a velocidade de MvdP esticou completamente o pelotão, eliminando, desde logo, alguns candidatos à vitória final. O seu colega, Philipsen, seguia na sua roda e Van Aert atrás, seguido de Bauhaus, Groenewegen, Ewan, Jakobsen e Meeus. Pedersen, Welsford, Girmay, Sagan, o duo da Uno-X e os restantes, já estavam fora de combate.
Pode-se dizer que o único ‘erro’ da Alpecin foi ter deixado Philipsen a 220m da meta, mas, com apenas dois elementos para o último quilómetro, o trabalho feito foi perfeito, até porque a potência de Van der Poel deixou toda a gente em dificuldades e o belga no lugar certo para vencer.
Quanto ao sprint, Van Aert tentou surpreender, desencadeando a reação imediata de Philipsen.
No duelo de belgas, em estradas com curvas, o homem da Alpecin levou a melhor, aproveitando as características da estrada para limitar o sprint de Wout. Não nos parece que haja qualquer motivo para relegar Philipsen (houve esse debate no pós corrida), dado que as linhas no chão são enganosas, assim como as barreiras e não houve sprint irregular, nem nada semelhante.
Em todos os sprints há quem tente adotar uma linha mais arriscada, normalmente junto das barreiras, e, perante os metros finais, a única hipótese de Van Aert, em não ficar fechado, era se, no momento da curva final, já tivesse a linha de dentro garantida, estando na frente, que não estava.
Só há dúvidas quanto a isto se não se observar o tipo de chegada. Philipsen não muda a trajetória, há uma adaptação à curva existente e, efetivamente, havia espaço para Van Aert, não muito, mas é um risco que se assume quando se tenta ganhar uma linha junto às barreiras.
Philipsen levou a vitória, ratificada momentos mais tarde, pelos comissários de prova, e é de destacar um pódio que é uma agradável surpresa, contando com as presenças de Bauhaus (2º) e Ewan (3º).
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