O calendário do ciclismo masculino tem início na Austrália.
Uma prova interessante, não só por marcar o regresso do nosso querido desporto, mas também porque nos costuma presentear com edições interessantes, renhidas e imprevisíveis.
E este ano conta com o regresso da mítica Willunga Hill.
É quase impossível fazer grandes previsões, muito menos acertadas, por total desconhecimento do estado de forma dos atletas, mas vamos tentar.
São 6 etapas, não há nenhuma de montanha, nem nenhuma de contra relógio. Em princípio, teremos 3 etapas disputadas em sprint massivo, 1 será ‘híbrida’, isto é, dependendo da forma dos sprinters e dos interesses das outras equipas, podem, tanto chegar alguns sprinters com o pelotão, estilo Caleb Ewan ou Corbin Strong, ou um grupo reduzido.
Por fim, as últimas duas etapas, são para trepadores ou puncheurs.
Os motivos de interesse, em termos de sprint, passam, em primeiro lugar, pelos australianos, um que regressa a casa, Ewan, e outro que muda de casa, Welsford. Dois ciclistas que, no seu dia, são difíceis de superar. Se Ewan já foi dos melhores do mundo na sua área e procura recuperar esse estatuto depois de uma época desastrosa, Welsford procura estabelecer se como uma das principais ameaças aos sprinters de topo, principalmente com um dos melhores lançadores do mundo, Danny van Poppel, que poderá ter a sua oportunidade, se o colega ficar para trás.
Bauhaus é um dos sprinters mais discretos, mas também dos mais consistentes, o que pode ser bom num início de época em que a forma do pelotão não será a melhor.
De seguida, Girmay, não teve a melhor época em 2023, principalmente nas etapas em que se esperava vê-lo com os melhores (demasiado duras para os sprinters puros, mas boas para MvdP, WvA ou Pedersen), nesse sentido desiludiu, mas ainda é novo e e expectável que, neste ano, supere o nível de 2022, e esta prova é boa para aferir o seu nível nesse tipo de percursos. Na sua equipa, Mihkels já mostrou qualidades que o podem impulsionar para um patamar diferente.
Mais nomes a assinalar, Hodeg (tem tido dificuldades desde que chegou à UAE, devido a uma lesão muito grave, mas é muito rápido), Corbin Strong (pode ter oportunidade nos dias mais duros para os sprinters tradicionais, mas é uma ameaça nos planos, na mesma), a dupla Ganna/Viviani (será o último, provavelmente, a sprintar), Pavel Bittner (na mesma situação que Mihkels), McLay, Garcia Cortina, Stan van Tricht (rápido e numa nova equipa) e Pithie (não seria surpreendente vê-lo contra os melhores desde o início).
Na CG, os maiores nomes aparecem logo na equipa da casa, a Jayco AlUla, com a dupla Plapp/Yates. O primeiro, australiano, rescindiu com a INEOS e assinou pelos australianos, não é tão favorito como o colega, mas é dos poucos que já competiu este ano, os Campeonatos Nacionais da Austrália, e venceu as duas provas em que entrou, o ITT e a corrida de estrada (pela terceira vez consecutiva), de forma dominante. O britânico, por seu lado, é o melhor ciclista em prova e os últimos dois dias adequam se às suas características, em concreto, Willunga Hill.
A Bahrain-Victorious tem outro candidato ‘caseiro’, em Jack Haig, enquanto a Soudal-Quick Step conta com o imprevisível Alaphilippe, que espera, tal como Ewan, regressar ao seu melhor nível, depois de uma temporada menos conseguida.
A INEOS conta com uma equipa relativamente sólida, mas, pela vitória no criterium pré Santos Tour Down Under, e pelo tipo de etapas, parece que Narvaez será o melhor colocado para assumir a liderança da equipa, mas com Ganna, Leo Hayter e De Plus a espreitar.
Ruben Guerreiro, um dos dois portugueses em prova, pode ser o líder da Movistar, e, em forma, pode ter hipóteses na luta pelo pódio.
Por fim, outros nomes interessantes a acompanhar, na equipa da seleção australiana, o recém contratado pela Tudor, Storer, e o surpreendente Howson podem ser uma dupla prometedora.
Ruben Thompson, Groupama, é um neozelandês com talento nas subidas, mas não se espera muito nesta prova.
A Lidl-Trek tem um trio bastante interessante, em Quinn Simmons (tem registos brutais nesta off season), Natnael Tesfazion e Mathias Vacek, estes últimos não são tão cotados como merecem, mas são ambos extremamente rápidos (veja se a vitória do checo nos campeonatos nacionais de 2023) e muito completos.
A Astana conta com uma equipa pouco interessante, mas com nomes que podem surpreender, onde Battistella é a figura maior, mas contam com Gazzoli, Kanter e Scaroni.
A Alpecin, além de van Tricht, que nos parece um ciclista que vai dar o salto nesta época, têm em Boven e Vergallito mais duas contratações interessantes, apesar de, o italiano, ter subido da equipa de desenvolvimento, depois de ter vencido o evento da Zwift. Este, em específico, é um trepador que poderá ter algumas semelhanças com Jay Vine, a ter em atenção.
A EF tem dois jovens muito interessantes a competir, Rootkin-Gray e Archie Ryan, sendo que o irlandês mostrou mais nas camadas jovens, onde representou a equipa de desenvolvimento da (atual) Visma-Lease a Bike. Falando deles, Staune-Mittet, também saído da sua academia, vai representar a equipa principal, e terá de partilhar a liderança com o vencedor da última prova WT de 2023, Milan Vader. Para nós, o outsider para a etapa de Willunga Hill.
Oscar Onley tem uma excelente oportunidade para conseguir mostrar se, tem as características e o talento para estes percursos, falta só a confirmação.
Zwiehoff acabou 2023 muito bem, embora prefira subidas mais longas, e terá em Roger Adria um bom companheiro para dividir a liderança. O espanhol, chegado neste inverno, tem um bom punch.
Stephen Williams também terá hipóteses de surpreender, e deve gostar deste percurso, ao contrário de George Bennett, com menos velocidade e maior preferência por subidas longas, tal como Georg Zimmermann.
Por fim, a equipa mais sólida, mas sem nenhum ‘líder’ ou candidato claro. A UAE. É esperado que Covi ou Ulissi sejam os líderes, ambos extremamente velozes e com apetência para estes terrenos, mas têm Fisher-Black a pedir uma oportunidade (embora se enquadre mais numa prova mais dura e menos explosiva), e os jovens Isaac del Toro (vencedor do Tour de L’Avenir) e o português António Morgado que parecem ambos predestinados e, por isso, podem assumir a responsabilidade à primeira oportunidade.
O português, em concreto, não só é um talento diferenciado, como tem uma atitude de campeão. Se tiver oportunidade, vai lutar para mostrar todo o seu valor.
Previsão:
A vitória na CG deverá cair para Simon Yates, mas o pódio vai ser uma surpresa. Poderá ser um sprinter híbrido, como Strong, poderá ser um wild card como Simmons, um jovem como Morgado ou Staune-Mittet, um trepador como Ruben, uma surpresa como Vergallito ou um puncheur como Alaphilippe. Vai ser interessante acompanhar. A nossa aposta, será algo do género:
1- Yates;
2- Onley;
3- Narvaez;
Acima de tudo, teremos espetáculo.
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