Começa o caos!
Talvez seja um exagero, vá, mas podemos falar de um dia muito negativo, tanto para alguns candidatos à etapa, como para alguns candidatos à geral.
Numa etapa que se esperava calma, com a fuga da praxe, acabámos por ver cortes na estrada e algumas mudanças no top10, sem ser trágico, mas nunca é bom perder tempo em dois dias seguidos, sem necessidade para tal, mesmo que seja por azar. Mas já iremos abordar os azarados do dia.
Quanto à etapa, a fuga formou se assim que foi dada a partida e não houve grandes pontos de relevo, exceto a subida de Paul Lapeira, jovem francês da AG2R, à liderança da classificação da montanha.
Nestas chegadas há a regra dos 3km (registam-se os tempos a 3km da meta para evitar que a chegada seja ainda mais caótica, misturando os comboios de candidatos à geral e à etapa, fazendo, supostamente, com que sobrem apenas os sprinters na frente. O objetivo também é prevenir que problemas como furos ou quedas prejudiquem a classificação geral de alguém, sendo lhes atribuído o tempo do grupo onde estavam. Ainda há a hipótese de haver cortes no final, mas não é comum. Em suma, só quedas ou avarias mecânicas podem evitar que haja cortes, e tem de ser dentro dos últimos 3km).
Portanto, ao chegar aos 4km finais vimos aquilo que pode ser descrito como “A crónica de uma queda anunciada”. Ora, há um estreitamento significativo da estrada, de 2 faixas e meia, havia uma semi faixa para os carros mudarem de direção além das duas originais, para apenas uma faixa. Para um pelotão a alta velocidade com mais de 100 unidades, era evidente que podia acontecer uma desgraça. Felizmente, a queda não pareceu grave para nenhum dos afetados.
Posto isto, a primeira conclusão foi perceber que Mads Pedersen já não ia disputar a etapa, tinha ficado cortado, assim como a sua equipa, que foi diretamente afetada (a queda foi, praticamente, na frente do pelotão). De seguida, para a etapa, via-se a Alpecin de Groves a pressionar, Dekker, Bonifazio e Marit, Matthews, Gaviria, Ackermann, Consonni, Milan, Stewart e Mayrhofer.
Por fim, faltava saber quem seriam os prejudicados na CG, dado que a queda ocorreu a 3,7km da meta, invalidando assim a regra dos 3km por 700 metros.
Em primeira análise, via-se Remco, Roglic, McNulty (não deverá lutar pelo top10, mas nunca se sabe). Posteriormente, foi possível identificar Caruso e Kamna e, de seguida, na roda de Ganna, vinham Geraint Thomas (com os seus inconfundíveis óculos brancos foi fácil identificá-lo), João Almeida e Vlasov. Com a Maglia Azzurra, Tao Geoghegan Hart, foi evidente que tinha ficado retido, por não se ver a camisola distintiva no pequeno grupo que ia disputar a etapa.
A etapa ficou à mercê de Groves, tinha os seus lançadores e estava em boa posição, mas ficou exposto ao vento demasiado cedo a tentar reagir ao, já tradicional, sprint de longe de Gaviria, beneficiando quem se encontrava atrás dele, nomeadamente, Milan (belíssima colocação e proteção de Pasqualon). Quanto ao resto, Bonifazio fez um belo trabalho de colocação para Marit, os homens da Cofidis (para Consonni) vieram de longe, e expostos ao vento de frente, e Stewart foi largado no meio do grupo, o que tornou impossível uma luta pela etapa para ambos. Ackermann vinha bem colocado, assim como Mayrhofer, que assumiu o lugar de sprinter, dado que Dainese não se encontrava no grupo da frente.
Como dissemos, Gaviria lançou o sprint de longe, Groves tentou responder, mas não na roda do colombiano, o que arruinou as suas hipóteses, Ackermann, uma vez mais, estava no sítio certo, mas não teve pernas, o que abriu espaço para o gigante Milan, que foi impossível de ultrapassar, com um sprint muito imponente. Dekker (2º) e Marit (4º, por muito pouco) apareceram muito bem, com uma excelente gestão do seu sprint, fazendo resultados que prometem para as próximas etapas ao sprint. Groves aguentou para segurar o 3º lugar e Mayrhofer também merece uma menção, discreto, mas fez top5 à frente de alguns favoritos.
Depois do caos e da chegada, confirmou-se a perda de 19 segundos de TGH, assim como Vine, Haig, Carthy, Pinot, Uran, Leknessund, Buitrago, Pozzovivo, entre outros. Além destes, a INEOS viu Arensman e Sivakov perderem 31 e 34 segundos.
Todas estas perdas são, à primeira vista, mínimas, mas, a verdade é que já estavam todos atrasados face aos seus rivais diretos, exceto TGH, que, apesar de, previamente, estar à frente de toda a concorrência menos Almeida e Remco (mas este será, supostamente, outro campeonato), vê o homem da UAE ter uma vantagem de 30 segundos (19 foram de ‘borla’) e, sendo o português, teoricamente, mais forte no contrarrelógio da etapa 9, poderá começar a formar-se um fosso pouco agradável para o britânico.
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