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Resumo da 1ª etapa

Que exibição! Remco Evenepoel, um dos dois maiores favoritos à geral, não deixou os louros por mãos alheias e arrasou a concorrência. Nem o antigo campeão do mundo da disciplina, Filippo Ganna, chegou perto do belga. O outro candidato ao título do Giro, Primoz Roglic, foi um dos derrotados do dia, mas já falaremos disso.

O percurso favorecia os especialistas, por ser maioritariamente plano, onde Remco e Roglic perderiam algum tempo por serem mais leves que os dois rivais diretos pela etapa, Ganna e Kung, e a subida não seria longa ou dura o suficiente para reaver esses segundos perdidos. E enquanto isso se confirmou no caso do esloveno, o mesmo não se pode dizer do eventual vencedor da etapa. Dominou nos dois intermédios e na meta, mostrando que vem pronto para a luta e já começou a fazer estragos.

Sendo objetivo, foi um duro golpe nas ambições de Primoz Roglic, no entanto, ainda faltam 20 etapas e o pior está para vir. Poderíamos alegar que não foi Roglic que esteve mal, foi Remco que esteve a um nível superlativo, e a segunda parte da afirmação estaria certa, mas com as demonstrações de qualidade que o líder da Jumbo-Visma já mostrou nesta vertente (é o atual campeão olímpico contra um conjunto de elite), é mau ter ficado tão aquém do seu maior rival e, ainda por cima, atrás de um não especialista como Tao Geoghegan Hart, que teve uma prestação brilhante. Para um outro ciclista seria uma boa defesa, para Roglic foi tudo menos positivo. Não implica, porém, que se perca a cabeça. Ainda agora começou.

Para Ganna e Kung, os seus parciais também não os devem entusiasmar. Nenhum conseguiu aproximar-se do campeão do mundo de estrada, mas há dias assim. Melhor Ganna que Kung, o italiano ficou em segundo e o suíço em quinto, mas terão nova hipótese na etapa 9 e já será um perfil mais indicado para ambos.

Quem esteve a um excelente nível foram os dois candidatos ao pódio, João Almeida e TGH, terminaram em terceiro e quarto, respetivamente, e encontram-se com uma ligeira vantagem para os restantes, exceto Evenepoel, claro. O português andou ao nível dos maiores especialistas do mundo, o que pode significar o regresso de uma característica que o definiu nas primeiras grandes exibições como profissional, o contrarrelógio. Muito se falou, mas o João mostrou que consegue andar com os melhores. Para os portugueses, e seus adeptos, foi bom sentir que todo o seu empenho e dedicação deu frutos. A partir daqui já é permitido sonhar mais um pouco, não pelo que ganhou, mas pelo que mostrou. O britânico é, sem sombra de dúvida, a surpresa da jornada. Fez o seu melhor contrarrelógio da carreira e mostra que veio em excelente forma e, efetivamente, subiu de patamar. Se a exibição de Almeida foi magnífica, a do antigo vencedor do Giro foi estonteante. Não havia nada que indicasse uma melhoria tão significativa por parte do líder da INEOS, será uma ameaça bem real.

Outros ciclistas que se destacaram pela positiva forma os dois homens da UAE, Jay Vine e Brandon McNulty. Enquanto o americano já teve vários bons resultados no esforço individual, o australiano tem revelado uma apetência anormal para o contrarrelógio. Importa destacar que, até esta época, nunca tinha tido a oportunidade de treinar a sério esta vertente, e os resultados estão à vista. Além de que esteve lesionado e sem competir desde final de fevereiro, o que também pesa.

Geraint Thomas e Aleksandr Vlasov também se defenderam bem, no entanto, perderam 26 segundos para um dos rivais na luta pelo pódio, Almeida. Não deverá ser decisivo, mas começam a correr atrás do prejuízo.

Pedersen tinha esperanças de ter a Maglia Rosa na mira para atacar na segunda etapa, mas não conseguiu estar ao nível dos rivais (o que é compreensível), mesmo assim fez uma boa etapa.

Sivakov, Leknessund e Kamna (aparentemente esteve doente esta semana) ainda estão dentro de um minuto de distância de João Almeida, mas dificilmente lutarão pelo top5, no entanto, não deixa de ser um bom resultado. Fora estes, Caruso, que está a 59 segundos do português, não teve uma prestação brilhante, mas não sendo, de todo, a sua especialidade, podemos dizer que esteve bem, dentro do possível, dado que bateu Arensman (esperava-se mais do holandês), Urán, Haig (seu colega de equipa e co-líder), Pinot, Carthy e Buitrago.

Na verdade, os maiores derrotados são mesmo Carthy e Buitrago. Enquanto o colombiano da Bahrain não tem um bom contrarrelógio, como é apanágio da maioria dos trepadores colombianos, é evidente que se esperava mais e melhor do britânico. Sofreram um abalo importante nesta etapa. Pinot também não se livra de uma nota negativa no dia de hoje. Os restantes mencionados também não tiveram prestações nada positivas.

Outras notas de relevo, quanto a candidatos à etapa, Affini, Mollema e Dennis desiludiram, principalmente o italiano. Mollema, na melhor das hipóteses, iria lutar pelo top10 e ficou longe, Dennis, em condições normais, figuraria perto do top5, mas compreende-se o seu desempenho tendo em conta que foi chamado à última da hora. Agora, Affini tinha o dever de fazer melhor, pelo seu historial e por estar a competir no seu país natal.

Dar nota do resultado de Ben Healy, não era expectável um top10, mas tínhamos o irlandês como um contrarrelogista bastante decente e alcançou apenas um 49º lugar. Claramente arredado da geral. Nunca o considerámos para esse objetivo, mas, tendo em conta a quantidade de especialistas que o davam até como candidato ao pódio, tornou-se relevante partilhar. Contudo, esperamos vê-lo a lutar pela vitória em certas etapas de média montanha. Também Paret-Peintre, que tinha dito que ia pelo top10, teve uma má prestação, encontrando-se em 69º lugar a 2 minutos e 10 segundos do líder. Pozzovivo, outro outsider para o top10, perdeu mais um segundo que o francês.

Ciclistas como Zana (2 minutos e 3 segundos), Rubio (2 minutos e 45 segundos) e Fortunato (3 minutos e 14 segundos) devem ter abandonado quaisquer pretensões que pudessem ter pela CG e devem-se focar agora na luta pela montanha ou por etapas. Nenhum deu a entender que podiam tentar o top10, mas, pelo nível que apresentam como trepadores, poderiam suscitar essa curiosidade.

Como último ponto, tanto Sepp Kuss como Thomas Gloag fizeram maus resultados, mas também não se esperava muito melhor, dado que o americano nunca se destacou nesse sentido e o britânico, além de não ter registos de valor na luta contra o relógio, foi avisado no dia anterior à prova começar que teria de se juntar aos colegas e chegou apenas pelas 3 horas da manhã. Para ciclistas como Sam Oomen, Tom Gloag e Rohan Dennis será muito difícil mudar o chip para se focarem na corrida em mãos nos primeiros dias. Veremos que resultados esperam Roglic.


Em suma, grande dia para Evenepoel, com João Almeida e TGH a saírem com um sorriso (metafórico, porque Tao não costuma sorrir em competição). Mau dia para Roglic e outros candidatos à CG, mas nada é irrecuperável e ainda falta muita luta pela frente.




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