O segundo de três dias importantes para a CG.
No primeiro dia, vimos Pogacar a ganhar 8’’ a Vingegaard, voltando a superar o rival, porém, não tem ganho mais do que alguns segundos. Poderá, este tipo de esforço, vir a ser pior para o Maillot Blanc do que para o Maillot Jaune?
A etapa vai ser mais um festival de fogo-de-artifício logo a abrir. Um perfil ascendente desde o início e pouquíssimos quilómetros planos ao longo da etapa, parece uma autêntica montanha-russa, com constantes subidas e descidas.
Os 13,5km iniciais são, quase sempre, a subir, e, nesse ponto, terão a primeira subida categorizada do dia, com 4,4km a 4,6% (Col de Saxel). Segue-se uma descida que levará os ciclistas à primeira de três (!) 1ª categoria que terão ao longo do dia, esta com 7,1km a 7,4% (Col de Cou). Terão uma descida curta, com uma colina de seguida, e nova descida para nova 1ª categoria, desta feita, 5,9km a 7,7% (Col du Feu).
No topo da montanha, só terão percorrido 53km e estarão a 100km do término da etapa.
Neste momento, e após a descida do Col du Feu, terão o momento mais calmo do dia, com ascensão até ao sprint intermédio, com 6,5km a 3,8%, com uma ladeira longa, e não muito acentuada, com partes planas.
Aos 88km, iniciam a última 1ª categoria do dia, com 13,9km a 6,9% (Col de la Ramaz), onde os 7,5km iniciais têm uma média de 8,1%.
No outro lado da montanha, vão descer até a um planalto com 10km, iniciando a maior dificuldade do dia. Uma categoria especial com 11,7km a 8,5% (Col de Joux Plane), com bonificações para os três primeiros. Ao passarem a contagem de montanha (13km do fim), não irão baixar logo para a meta, terão um setor ondulado, mas sem grande impacto, será curto e com desníveis.
Daqui até à linha de meta, farão quase tudo a descer, exceto na parte final, com um falso plano para a meta.
Em termos de táticas, é um dia difícil de prever, todavia, é certo que, quem não estiver num bom dia, irá, certamente, perder tempo. Inclusive, podem perder o top10 nos primeiros 50km.
A fuga demorará a compor-se, com Powless como principal interessado a integrar a mesma, tendo-se protegido nos últimos dias com esse intuito, mas, desde o início do Tour que tem cedido rapidamente nas dificuldades mais íngremes, não é estratégia, mas sim falta de pernas para acompanhar os restantes. Por isso, vamos ver se, com um início tão nervoso e explosivo, como os que temos tido e que é previsível que aconteça neste dia, o americano irá aguentar e lutar pelos pontos da montanha.
Outros interessados a integrar a fuga serão o jovem Tobias (a Uno-X costuma meter dois ciclistas na fuga), Alaphilippe, Buchmann (até para ser um ciclista satélite para Jai), Wout van Aert (com o mesmo propósito de Buchmann ou para vencer a etapa, que seria difícil, mas possível para este craque), Bardet, Pinot, van Gils, Tejada, ou até mesmo duplas, como a Movistar (Jorgenson e Ruben), a Lidl-Trek (Ciccone e Skjelmose), a AG2R (O’Connor e Gall), Bahrain (Landa e Haig) e a Cofidis (Martin e Izaguirre, já ganhou aqui da última vez que o Tour fez este percurso), porventura trios, como a Intermarché (Meintjes, Zimmermann e Costa, será desta que integra a fuga?) ou a INEOS (Castroviejo, Dani Martinez e Bernal), com a equipa com mais opções, teoricamente, a ser a EF (Chaves, Powless, Shaw e Urán).
O percurso é entusiasmante e, desde o início, que se percebeu que os favoritos vêm para arriscar, o que pode resultar em nomes surpresa na fuga inicial, caos e muitos, muitos ataques.
A vitória é complicada de prever, com um traçado assim vai ser difícil perseguir, mas, Jonas e Tadej são dois atletas diferentes do resto da competição e, caso queiram a etapa, vão fazer de tudo para a conseguirem. Porém, com um início tão caótico, vão perder algumas unidades de trabalho, o que pode ser importante para esse objetivo. Com estes 50km iniciais, e da forma como se tem corrido, é provável que, na fuga, sigam ciclistas que vão estar num dia bastante positivo, o que torna difícil a missão de anular os fugitivos e vencer a partir do pelotão.
Caso não se tenham feito diferenças a subir, a descida poderá fazê-las. Vingegaard tem se mostrado muito bem nesse momento da corrida (melhorou muito de há dois anos para cá), enquanto Pogacar, fruto da lesão no pulso que teve, não irá forçar tanto, já tendo demonstrado desconforto no local da contusão em descidas mais técnicas (por ter de fazer pressão no guiador), como é o caso desta.
Pidcock é um nome que, em princípio, só disputará a vitória de etapa em condições especiais, mas, a descer, sendo dos melhores do mundo nessa vertente, pode ganhar muito tempo aos rivais, como Bilbao (neste caso, será mais recuperar tempo). Bardet, mesmo estando fora do top10, se tiver oportunidade (e capacidade física), pode dar espetáculo na descida.
A Jumbo-Visma tem apostado numa estratégia mais defensiva desde que Jonas foi surpreendido por Pogacar, na etapa 6, mas pode, nesta etapa, tentar destruir o pelotão e isolar o esloveno, dado que, a subida final se adequa mais ao dinamarquês, que, na descida, também dá garantias de um bom desempenho. Nota ainda para o facto de, os ciclistas da equipa holandesa, protegeram-se na etapa anterior, enquanto os homens do médio oriente se expuseram muito mais, o que terá impacto. Certamente que o objetivo vai passar por colocar elementos na fuga, obrigando a UAE a perseguir e a gastar ‘balas’ mais cedo. Se o fizerem, provavelmente, Pogacar não terá elementos suficientes para perseguir a fuga, nenhuma equipa irá colaborar (a menos que estejam a ser ameaçados, no top10, por algum ciclista que tenha conseguido integrar a fuga) e a vitória irá para os escapados do dia
Contudo, num dia que se prevê duro desde o início, será interessante ver se a fuga se conseguirá manter afastada do pelotão, assim que se formar, claro.
Não esquecer que, no domingo, há chegada em alto, não seria surpresa se alguns elementos do top10, ou candidatos a tal, tivessem uma abordagem mais cautelosa.
Portanto, esperamos um dia intenso desde o tiro de partido, com muitas dúvidas quanto à disputa pela etapa (se fuga, se pelotão), mas muitas certezas quanto a surpresas, principalmente negativas, no top10.
Favoritos:
⭐⭐⭐⭐⭐Vingegaard, Pogacar, Skjelmose
⭐⭐⭐⭐Ciccone, Hindley, Gall, Pinot, Pidcock, O’Connor, Bardet, Martinez, Shaw
⭐⭐⭐C. Rodriguez, Yates (x2), Guerreiro, Jorgenson, Tobias, Bilbao, Bernal, Zimmermann
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