Mudam-se os atacantes, mantém se o Maglia Rosa e mudam-se os derrotados do dia.
No entanto, continua tudo em aberto.
Como previsto, foi um início duro, haver uma 1ª categoria nos primeiros 40kms potencia isso. As equipas dos interessados tentam marcar movimentações na parte plana e, na subida, lançar os seus trepadores.
Demoraram quase 40kms, portanto, até ao topo da subida, até estabelecer um grupo (perigoso, por sinal) e, antes de ver que ciclistas de relevo tentaram fazer parte da fuga, e os que conseguiram, temos de falar do motivo pelo qual o pelotão aumentou tanto o ritmo na subida.
A Jumbo vinha com um ritmo alto, mesmo não sendo violento, estava a deixar muitas unidades para trás, e Roglic encontrava-se no fundo do grupo principal. A INEOS, apercebendo-se do seu mau posicionamento, aumentou mais ainda o ritmo, para testar o esloveno, para tentar perceber se era mau posicionamento, bluff ou outro dia menos positivo. Pareceu, inclusive, que, por momentos, tinha descolado. Todavia, para nós, na altura, pareceu nos um bluff tático, por um lado, seria amadorismo meter um ritmo que o líder não aguentava tão bem, e, por outro, já todos sabemos que, quando não está bem, se ‘esconde’ no fundo do grupo. São dinâmicas que, tão cedo na etapa, não fazem sentido, a menos que estivesse a sofrer com alguma condição médica. Ackermann, um sprinter que sobe bem, mas continua a ser um sprinter, estava melhor no grupo que o 3º da geral? É dúbio.
Não deu em nada, mas acrescentou mais fadiga nas pernas de toda a gente, o que seria decisivo no final do dia (e do Giro, certamente).
Quanto à fuga, Ben Healy tentou, como se previa, assim como, Verona, Haig, Buitrago, Leknessund, Tonelli, Williams e Fortunato.
A vontade da Bahrain em colocar um elemento na frente podia ser indicativo das suas intenções mais tarde, mas foram destruídas pelo ritmo da INEOS em ambas as 1ª categoria.
Entre elas, nada de relevo ocorreu, estavam 7 elementos na frente, Pronskiy, Frigo, Gee, Zana Barguil, APP e Pinot, que ganhavam tempo. A INEOS permitiu que um elemento tão perigoso como Pinot fosse para a fuga, de forma a pressionar os maiores prejudicados como Carthy, Leknessund, Kamna, e outros, além de permitir que a vitória residisse na frente, anulando as bonificações para Roglic e Almeida, teoricamente mais rápidos que G.
A meio da antepenúltima subida, a segunda e última de 1ª categoria, De Plus colocou um ritmo absurdo, destruindo o que restava do pelotão, evitando ataques e pressionando adversários.
Restavam duas subidas de 2ª categoria.
Quanto à fuga, perto do início dos 10kms finais, houve uma aceleração de Zana, eliminando Frigo e APP, e outra de Pinot, colocando Gee e Barguil em sérias dificuldades. Até ao fim, apesar da reentrada do canadiano a certo ponto, a vitória viria a ser disputada entre os dois elementos que aumentaram o ritmo na frente.
Pinot não se desfez de Zana e o campeão italiano bateu-o no sprint.
No pelotão, mais ou menos na mesma zona dos movimentos que partiram a fuga, veio a Jumbo para a frente com um aumento de ritmo substancial, com Kuss e Roglic, G Thomas logo na roda, com Dunbar e Arensman, Almeida ficou imediatamente em dificuldades, Vine esteve sempre com o português, impondo ritmo, e, até ao fim da subida, mesmo com um ataque de Roglic, a gerir sempre a diferença pelos 15’’.
Kuss regressou à frente, depois do ataque do esloveno, e Vine recuperou Almeida até aos 7’’, supostamente, e, quando parecia que podiam encostar na descida, o australiano sai de estrada, e, João, que seguia a linha do colega perdeu uns segundos, e quebrou o seu ritmo, reaproximando-se, na mesma, mas, na parte plana que antecedia a última dificuldade, Roglic acelerou, e o português teve de abrandar para o regresso de Vine, que manteve uma boa distância para os adversários.
O ponto de rutura dá-se quando Thomas colabora com Roglic, Vine já vinha a sofrer muito e, dentro dos 2kms finais, fica sozinho contra dois adversários em melhor condição, e, a partir daí, foi só a perder tempo.
No final, perdeu 21’’ para os rivais.
Nem tudo está perdido, é certo, mas, enquanto os dois veteranos geriram melhor o seu esforço e não foram ao seu limite, João foi, e ultrapassou.
Tendo em conta os dois dias violentos que têm pela frente, vai ser muito complicado recuperar deste esforço a tempo de lutar pela vitória final. Não é impossível, de todo, mas parece-nos que o português foi levado além do limite e não vai ter descanso até Roma, o que vai pesar bastante e pode sofrer, amanhã ou domingo, mais que os dois oponentes, o que pode simbolizar a perda de minutos, perante a dificuldade enfrentada.
Nós continuamos a acreditar no sucesso do nosso Duro das Caldas.
Nota ainda para o trabalho espetacular de Jay Vine, o que o australiano fez hoje foi incrível, assim como Sepp Kuss para Roglic (e Thomas).
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