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A primeira semana

A primeira semana do Giro trouxe pouco entusiasmo, mas um contexto muito promissor. A nível de vitórias, vimos Pedersen a completar o Grand Slam, enquanto Evenepoel venceu os 2 contrarrelógios, o primeiro de forma dominante e o segundo por menos de meio segundo, supostamente, terá sido por 0,09 de segundo. No entanto, ambas as vitórias lhe concederam a liderança da corrida.

A segunda etapa, com poucos acontecimentos, viu Milan levar a vitória, depois de uma queda condicionar Pedersen e Cavendish, entre outros. Nessa mesma queda, ficaram prejudicados Vine e TGH, que perderam 19 segundos. A Vitória do jovem italiano foi convincente e a confirmação do potencial que lhe apontam.






No terceiro dia, tivemos a Jayco, com a Trek e, em partes, a Alpecin, a dizimar o pelotão, restando apenas os seus sprinters. Pedersen, inclusive, foi deixado para trás na última dificuldade do dia, mas regressou rapidamente graças a um bom trabalho da sua equipa durante a descida. Na meta, havia uma dificuldade que, combinada a fadiga derivada do acumulado desta etapa, deu vantagem a Matthews, que aproveitou e levou a vitória. Na classificação geral não vimos diferenças.







Na quarta etapa, foi anunciado que o Maglia Rosa, Remco, queria deixar as responsabilidades de líder da corrida para outro, alguém da fuga e que não representasse uma grande ameaça ao pódio final, devido ao desgaste que ser líder numa corrida de 21 dias implica, tanto pelas responsabilidades a nível de mídia, como para a própria equipa por ter de controlar as etapas. Há menos tempo para descansar, recuperar forças para o dia seguinte, e a longo prazo.

Por isso, houve uma grande luta pela formação da fuga, onde, depois de táticas duvidosas pela Quick Step ao longo da etapa, foi possível verificar a solidificação do grupo que viria a chegar em primeiro à meta. Na subida final, destacaram-se dois elementos, Aurélien Paret-Peintre e Andreas Leknessund, o norueguês tinha uma vantagem de 30 segundos na CG face ao francês, o que acabou por determinar que seria ele a utilizar a Maglia Rosa. Ninguém ficou surpreendido quando, ao sprint, o eventual líder da corrida perdeu para o futuro terceiro classificado, devido às evidentes diferenças de resultados que ambos têm em grupos reduzidos.

A INEOS ainda tentou aumentar o ritmo no grupo dos favoritos, para obrigar Evenepoel a manter a liderança, contudo, já foram tarde demais. Esse grupo acabou por não ter diferenças.







A etapa 5 foi aborrecida até aos quilómetros finais, onde ocorreram três quedas em momentos diferentes. Primeiro, a 7km do fim, segundo, já dentro dos 3km finais, e, a última, em cima da linha de meta, devido ao choque entre vários sprinters. Durante a etapa, vimos muita cautela, por parte das várias equipas, na abordagem ao percurso, devido à chuva intensa e piso escorregadio, mas nem por isso deixámos de ver Remco a cair duas vezes. Por força da queda inicial, houve ciclistas, como Vine, a perderem 1 minuto e 11 segundos.

No final, ganhou Groves.









O sexto dia, mais uma vez, reservou as emoções todas para o final. A fuga esteve a 300 metros de ganhar a etapa, sendo que, nesse grupo constavam apenas dois ciclistas, um dos quais, Clarke, o mais rápido, que podia ter concluído o Grand Slam. Não foi ele, mas foi sim, Mads Pedersen, quem concluiu esse feito.







Na etapa 7, uma fuga, aparentemente fraca, acabou por vingar, devido à falta de interesse da equipa do líder em dar a oportunidade aos outros homens da geral atacarem pela etapa e bonificações. Isto porque, perante a montanha onde terminava a etapa, podia haver diferenças substanciais que o tirassem da liderança. Foi um dia cheiro de jogo tático, e vento frontal, em que os únicos beneficiados foram os da fuga e o Maglia Rosa. Davide Bais levou consigo uma bela vitória.






A 8ª etapa marcou outra vitória da fuga, por intermédio de Ben Healy, que arrancou a 50km da meta, criando, atrás, um grupo que nunca se entendeu e nunca mais se aproximou do vencedor. Perto do mesmo sítio onde o irlandês atacou, houve movimentações no pelotão. A BORA veio para a frente, mas com poucos efeitos práticos, dado que, no final do dia, ambos os seus líderes perderam tempo para os outros favoritos.

Os últimos 50km eram acidentados, e, no pelotão, o ritmo foi sempre aplicado nas subidas e abrandado nas descidas e no plano. Na última subida, Roglic teve um lançamento perfeito, mas de um elemento da BORA, criando imediatamente uma separação entre si e os outros. Leknessund tentou responder, mas não teve pernas, enquanto, Remco, tentou fechar o espaço com urgência, o que foi um erro, pois, o esloveno, conseguiu gerir sempre a diferença para o belga, quebrando-lhe o motor. Por sua vez, os homens da INEOS, com o seu bom posicionamento, geriram os seus esforços e, junto ao fim da subida, ultrapassaram o campeão mundial, e juntaram-se ao líder da Jumbo-Visma no início da descida. Enquanto, João Almeida, devido ao seu mau posicionamento, no início da subida, teve de fazer um esforço redobrado para se aproximar dos adversários. Com isto, não conseguiu juntar-se aos três da frente, apesar de ter chegado ao topo à frente do belga.

No final, as diferenças foram de 14 segundos, pequenas, mas, psicologicamente, poderiam ter peso no futuro.






Na última etapa antes do descanso, tínhamos um ITT, com a emoção a estar reservada para os homens da geral. Kung não mudou o seu registo em corridas do WT, perdendo por uns míseros 4 segundos. Apesar da curta diferença, houve três ciclistas à sua frente. O primeiro foi TGH, que, com uma exibição brilhante, fez terceiro, seguido por G Thomas e Remco.

João Almeida não esteve tão bem, admitiu receio, principalmente nas curvas, devido ao piso molhado, e preferiu uma abordagem cautelosa. No entanto, e isso custou-lhe segundos preciosos. Roglic também não teve um desempenho fantástico, mas conseguiu corrigir alguns erros durante a prova e, assim, minimizar as perdas.

Porém, o resultado mais importante estava reservado para o final do dia, quando, o novo Maglia Rosa (Evenepoel), positivo à Covid-19, abandonando, assim, o Giro.

Nesse caso, Geraint Thomas assume a liderança, com uma vantagem de 2 segundos sobre o segundo lugar e 5 sobre o terceiro, o seu colega de equipa. Almeida encontra-se 22 segundos atrás da liderança.


Concluindo, no ciclismo não há garantias. Quem está bem hoje, amanhã pode sofrer como nunca, ou, pior ainda, ter de desistir por fatores externos.

Isto muda a corrida, deixando-a mais aberta.










A segunda semana não será decisiva, como sabemos. A terceira semana é um monstro diferente, e a chave nestas etapas será não perder tempo e poupar o máximo de energia para o que aí vem. A exceção, pode não ser a única, mas é mais provável, será a etapa 13, com uma subida de categoria especial e duas de 1ª categoria. Todavia, e infelizmente, estas etapas montanhosas, estão sempre mais sujeitas a alterações, por condições climatéricas e do terreno.

A etapa 15, não será fácil, podendo até ser uma batalha entre os homens da geral, principalmente, devido à elevação que há a 4km do fim. Todavia, a existirem cortes, deverão ser de alguns segundos, sem serem particularmente determinantes na resolução final. Não deixa de ser uma etapa complicada e perigosa para quem não estiver em boa forma.

Quanto a táticas desta primeira semana, a INEOS está perigosa, com 5 homens perto na geral, mas não costumam ser ousados nesse sentido, devem optar, exclusivamente, pelos dois britânicos. Roglic também parece estar focado e ‘matador’, é mais lógico ter receio do indivíduo descontraído (mas eficaz, claro) do que do falador, e o esloveno encarna bem essa postura.

O João não teve muitas oportunidades para mostrar o seu nível, mas, também é, caracteristicamente, um ciclista mais conservador e calculista. É descrito como um dos homens mais consistentes nesta vertente (provas por etapas) e isso deverá ser uma ameaça para o pódio. Parece estar bem e confiante, e conta com uma equipa que está, inequivocamente, voltada para si. Vine tem mais ‘rédea solta’, mas, quando chegar o dia, pode ser uma arma importante para o português.

Não esquecer de Vlasov e Caruso que se apresentam em boa forma e, perante a luta de galos na frente, podem aproveitar e ganhar algum terreno. Parecem ser ameaças claras para o top5 ou mais, mas já será mais complicado.


Não contem com grandes emoções, pois, em princípio, nenhum candidato deverá querer gastar munições para a guerra que a terceira semana sugere.

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