A etapa rainha que, afinal, não foi assim tanto.
Vimos novas alterações a acontecer ao percurso, eliminando os primeiros 120km, que englobavam a subida Salita del Gran San Bernardo, que, por sua vez, também já tinha sofrido alterações.
Esta situação reduziu a etapa para 75km, começando na base de Croix de Coeur, o que não eliminava a descida perigosa que sucedia. A partir daí, nada de diferente.
Com o início da etapa a ser numa das subidas mais duras do Giro, era evidente que ia ser um início intenso. Vacek e Bais tentaram integrar a fuga, mas, o checo, teve uma avaria mecânica nos primeiros metros da etapa, e o italiano sofreu com o ritmo inicial, sendo, pouco tempo depois, afastado.
Formou-se uma fuga perigosa, inicialmente, com nomes como Carthy, auxiliado pelos companheiros Cepeda e Healy, e Pinot (estes dois para a geral) e Vine e Rubio (para a etapa).
No espaço de 2kms, vimos a dupla australiana, Vine e Haig, a ficar para trás. Enquanto a quebra do co-líder da Bahrain (até hoje) se justifica pela queda desagradável que sofreu no dia anterior, no caso do, suposto, braço direito de Almeida, podemos ver as coisas de maneira diferente. Embora tenha dito, numa entrevista, que não queria saber do seu próprio top10, e que teria todo o gosto em ajudar o João, a sua postura indicava frustração e descontentamento, seja pelas táticas da equipa (que pôs em causa, dizendo que não ganhava nada, financeiramente, com um eventual top10, e que preferia tentar etapas) ou por perder um dos seus objetivos tão cedo na competição. Não nos compete retirar ilações desta situação, nem fomentar guerras desnecessárias, pelo que, achamos mais importante realçar a boa atitude da UAE neste Giro em prol do João. Erros todos cometemos.
Quanto à etapa, a subida foi feita a um ritmo alto, pelo menos no início e, na frente, Pinot lutava por pontos da montanha e para aumentar a vantagem da fuga (aposta na reentrada no top10), seguido por Armirail, Cepeda, Rubio, V. Paret-Peintre, Gee e Riccitello.
A descida e o plano foram abordados com calma.
No início da segunda subida, Pinot atacou algumas vezes, perante a inoperância dos companheiros de fuga, e, no pelotão, a INEOS marcava o ritmo com calma.
Fortunato atacou, sem reação do pelotão, e, daí a um pouco, saiu Carthy. O ritmo era baixo, mas já houve mais reação, mudando o ciclista que estava a trabalhar (de Sivakov para De Plus).
Na frente, a 5,2km do fim, Cepeda atacou o inconformado Pinot, encostando 1km depois, levando Rubio. Houve muito controlo e, na luta a dois, ganhou o 3º: Rubio. Pinot e Cepeda estavam tão preocupados um com o outro, que se esqueceram que Rubio podia ter energia guardada.
O equatoriano foi o primeiro a lançar o sprint, Pinot teve dificuldades em fechar, e o colombiano da Movistar veio de trás para bater os dois, criando, entretanto, um espaço entre si e os outros dois.
Nos favoritos, Caruso tentou ganhar uns segundos, Arensman impôs um bom ritmo, impedindo que fugisse, fomentando um contra-ataque de Dunbar. Dentro do último quilómetro, segundo parece pelas imagens, G atacou, seguido com muita facilidade por Roglic e Almeida, e, com mais dificuldade, seguiam Kamna e Caruso.
Nos últimos 100metros, baixaram o ritmo, não criando muitos cortes para outros candidatos ao top10, mas capturando Dunbar e limitando o ganho de Carthy por 6 segundos.
Por sua vez, Almeida sprintou para acabar na frente do grupo (pareceu mais em jeito de brincadeira, pela etapa relativamente fácil, do que propriamente para ‘marcar posição’).
Todavia, o português e o esloveno mostraram-se sempre confortáveis, Thomas foi mais difícil perceber, devido aos óculos, mas, tendo em conta o ataque que fez no fim, e a facilidade com que fechou o espaço para o seu antigo colega de equipa, Dunbar, parece estar perto do seu melhor. O comboio da INEOS fez lembrar o auge da Sky, ritmo alto, principalmente nas zonas mais suscetíveis a ataques, e deixar as bonificações para outros.
A etapa prometia, mas acabou por perder alguma das características chave, e, perante a vontade dos líderes em pouparem-se para a última semana, tornou-se em mais do mesmo do que temos visto. Felizmente para os adeptos, a dinâmica Cepeda/Pinot foi engraçada.
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