A primeira etapa de montanha irá brindar-nos com uma vitória da fuga e um novo Maglia Rosa. Teoricamente.
O habitual, no Giro, é na primeira semana termos uma etapa montanhosa (costuma ser na 4ª, em 2019 na 6ª e em 2020 foi na 3, que não correu como esperado, porque, o João, segurou a liderança por um segundo) em que se deixa a fuga ganhar e, consequentemente, assumir a liderança para evitar que o favorito que detenha, até esse ponto, a camisola, perca tanto tempo em entrevistas e responsabilidades de líder no pós corrida, o que pesa a longo prazo, além de tirar a responsabilidade de ter a sua equipa a trabalhar em todas as etapas, que provoca um desgaste significativo que poderia ser importante em fases tardias da corrida.
Por isto, e até pelas declarações do atual líder (disse que a sua intenção era manter apenas até à 4ª etapa), será provável vermos isso acontecer. A menos que haja alguma equipa que queira trabalhar para fazer com que Evenepoel mantenha a Rosa, o que não costuma acontecer.
Ora, quanto ao percurso, não há muito plano, vão estar constantemente a subir e a descer, que, à chuva, se torna ainda mais perigoso.
Aos 50km da etapa, temos uma 2ª categoria com os primeiros 13,5km a 4,3% e, depois de uma descida, mais 7,2km a 5,1% (Passo dele Crocelle).
Curiosidade: antes, há uma subida de 4.7km a 4,2%, já integrada na subida.
Na segunda dificuldade temos nova 2ª categoria, aos 90km, e divide-se em duas partes: um esforço inicial de 5.1km em que, com exceção de uma parte plana no meio, é feita a 5.5% (Muro Lucano) e os últimos 8.8km a 4.9% (Valico Di Monte Carruozo).
Por fim, temos a subida final, também é uma 2ª categoria, desta feita de 9,6km a 6,2% (Colle Mollema).
A subida de Colle Molella termina a 3 quilómetros da meta, que são maioritariamente planos e com descidas, dando azo a um final rápido e, para quem ainda tenha pernas, será um bom momento para ganhar tempo, além de que parece ser relativamente técnico.
Quanto a estratégias e candidatos, temos clara a possibilidade (muito forte) da fuga e, por isso, vamos abordá-la primeiro.
Como disse anteriormente, só não cairá para a fuga, tanto a vitória como a liderança da geral, se alguma equipa fizer por isso. É o cenário perfeito, além de, historicamente, ser a decisão mais comum. Dito isto, e olhando para a geral, há muitos ciclistas que já perderam tempo suficiente para ir para fugas, como Buitrago, Pinot, McNulty, Albanese, Hirt, Ulissi, Rubio, Vanhoucke, Fortunato, Barguil, etc. Será, em princípio, uma fuga que conterá este tipo de candidatos, mas que, ao mesmo tempo, não deverá permitir que Carthy ou Kamna saiam. O alemão ganhou a etapa 4 do Giro2022 através de uma fuga e, num contexto normal, seria o grande candidato à etapa, mas, fazendo claro o seu objetivo de top10 nesta competição, torna-se perigoso deixá-lo fugir, com Carthy também não se pode arriscar.
É possível ver Kung ou Armirail na fuga, pois, não representam uma ameaça à vitória final em Roma e estão perto o suficiente para andarem de Rosa.
Diríamos que há um número considerável de equipas que pode tentar a fuga com 2 ou 3 elementos (UAE, EF, Jumbo-Visma, BORA, etc.), pelo que o início será caótico e vale a pena ver.
A luta pela etapa (e liderança da geral) não será o único ponto de interesse, dado que a subida final é dura o suficiente para castigar algum candidato à geral que não se encontre tão bem, mesmo sem ataques. Veja-se o caso do João, em condições normais, seria uma etapa muito boa para ele, dura e a ritmo, mesmo que haja ataques serão penosos para quem os faça e, por isso, ir a ritmo pode ser a melhor solução, mas, devido à queda que sofreu na etapa transata, poderemos vê-lo em dificuldades e, sabendo isto, os seus adversários diretos podem tentar aumentar mais o ritmo ou atacar, de forma a deixar o português em apuros.
Até pode não acontecer, mas uma queda, principalmente se o osso for o principal afetado, pode provocar dores que condicionem o desempenho do atleta, que também será maximizado na eventualidade de estar frio (que vai estar). Com isto queremos dizer que, caso o João seja penalizado pelo problema da 3ª etapa, pode ter mais a ver com o desconforto ou dor do que propriamente forma, e, se recuperar, pode continuar a ser uma ameaça ao pódio.
Isto é futurismo, mas queremos salvaguardar todas as opções, tendo em conta os próprios comentários do João.
Noutro caso, ciclistas como Thomas ou Carthy, ou outros que não entraram tão bem, podem levar um toque nas suas intenções se o ritmo for alto. Não por falta de qualidade, obviamente, mas porque, em ambos os casos, sabe-se que não chegaram ao Giro na melhor forma, ainda estão a apurar nesse sentido, e ninguém deverá querer estes dois perto na terceira semana, pelo que, o lógico, seria fazê-los perder tempo nesta primeira semana, apertando o ritmo para os fazer sofrer.
A UAE tem o dever de enviar homens para a fuga, de forma a não ter obrigações no pelotão, e porque é um ótimo momento para tentarem uma vitória de etapa (a perda de tempo de McNulty, nas últimas duas etapas, não foi inocente), assim como a EF, mesmo a Jumbo pode enviar alguém como Gloag ou a Soudal-Quickstep lançar Hirt. Mas, uma vez mais, é difícil prever.
O que podemos ter a certeza é que vai ser o dia mais duro até agora e quem sofreu mazelas ou não está em boa forma não se vai poder esconder.
Por isso, a nossa previsão vai ser com base em lógica, histórico e preferência pessoal:
⭐⭐⭐⭐⭐McNulty, Barguil, Fortunato
⭐⭐⭐⭐Taaramae, Buitrago, Rubio, Zana
⭐⭐⭐Gloag, Verona, Konrad, Healy, Mollema
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